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Foto do escritorIris Alessi

Tricô e crochê, minha meditação diária

Nos últimos dias, quem acompanha a nossa página no Facebook (visite clicando aqui) leu dois textos sobre os benefícios do tricô e do crochê e de outras técnicas manuais.

Um dos textos (publicado no NYT e traduzido pelo Hypescience, leia aqui) diz:

“Ao que tudo indica, o tricô tem o poder de relaxar as pessoas. De acordo com o Dr. Herbert Benson, pioneiro em medicina mente e corpo e autor de “A Resposta do Relaxamento”, diz que a ação repetitiva de tricotar pode induzir um estado de relaxamento como a associada com a meditação e yoga.”

O outro texto (publicado no jornal Folha de S. Paulo, leia aqui) completa:

Elko Perissinotti, ex-vice-diretor do Hospital Dia do Instituto de Psiquiatria da USP, lembra ainda que atividades complementares ou integrativas, reduzem o uso de opioides no tratamento de dor crônica. “Na psiquiatria essas atividades fazem toda a diferença, como no tratamento de depressão, ansiedade e esquizofrenia, mas há benefícios também na clínica médica.””

Eu conheço muitas pessoas que tiveram a ajuda de técnicas manuais para sair da depressão. Realmente, fazer trabalhos manuais é ótimo para melhorar nossa saúde mental.

Sempre me recordo do meu namorado me perguntando o que eu penso enquanto faço tricô/crochê: minha resposta sempre foi: nada. Muitas vezes, o trabalho flui tão bem que a mente esvazia e relaxa.

Os textos associam os benefícios do tricô e do crochê aos da yoga e da meditação. E é aí que eu gostaria entrar com a minha história.

Benefícios, que é interessante, que você vai tecer peças lindas, isso todo mundo fala, o que ninguém te fala é que não vai ser tão fácil assim.

Você pode estar se pensando: “Poxa, Iris, mas em vez de você me animar a fazer crochê e tricô, você está desestimulando!”

De maneira nenhuma!!! E vou mostrar que com dedicação, perseverança, curiosidade, estudo e horas e mais horas de prática, você também consegue.

Como o crochê e o tricô entraram em minha vida

Eu não lembro realmente quando foi. Mas a memória mais marcante é o final da infância/início da adolescência. Lembro-me que na minha infância minha mãe sempre fazia roupas para os bebês da família e para as minhas bonecas.

Foi ela quem me ensinou a fazer o crochê, primeiramente. Foi engraçado, pois eu não consegui sair da correntinha. Aliás, eu sequer conseguia fazer a dita correntinha. Foram muitas noites em frente à televisão tentando fazer a dita correntinha. Até que um dia, finalmente, saiu! \o/

Mas não só de correntinha vive uma crocheteira. Aliás, naquela época eu nunca imaginava ser uma crocheteira, mas ok, eu precisa desenvolver mais alguma coisa.

Foi aí que eu aprendi o meio ponto alto. Pensar nisso agora é muito engraçado, pois por muitos anos (é verdade isso gente!) eu achei que o meio ponto alto fosse o ponto alto! Quando eu descobri que existiam outros pontos maiores e diferentes daquele a minha vida mudou! Mas sabendo apenas o meio ponto alto fiz muitas coisas.

O tricô foi uma batalha maior ainda para aprender. Eu não tive por muito tempo paciência e habilidade para desenvolver o trabalho com as duas agulhas. Eu literalmente brigava com as agulhas, brigava com minha mãe, brigava comigo mesma.

Até que um dia… foi! Saiu o primeiro ponto! De lá até virar alguém que sabia fazer alguma coisa demorou muito. E hoje sei o motivo de ter demorado. Porque eu não era tão curiosa como eu sou hoje, porque eu não praticava e principalmente, porque eu não me desafiava. Eu sempre fazia as mesmas peças do mesmo jeito com os mesmos pontos. Não estou dizendo que isso é ruim, mas sem se desafiar será impossível fazer aprender algo novo.

Por isso, quero voltar a comparar o tricô e o crochê com a meditação. Você não vai alcançar o nirvana no seu primeiro dia de meditação. Nem na sua primeira semana. Talvez você nunca alcance. Assim como no tricô e no crochê, talvez você nunca alcance a perfeição. Talvez você nunca faça todos os pontos e peças existentes, mas isso não é importante.

O mais importante é a nossa caminhada. É aprender e praticar. E perceber no que podemos melhorar, o que já melhoramos, o que precisamos desfazer (quem faz tricô e crochê sabe que às vezes precisamos desmanchar mil vezes antes de chegar naquilo que queríamos), onde precisamos persistir mais e dedicar mais horas de trabalho.

Se você está aprendendo tricô ou crochê o que eu posso dizer é:

– Tenha paciência consigo;

– Seja determinada (o);

– Você não nasceu andando, então não espere que seu ponto vá ser perfeito na primeira tentativa;

– Não gostou? Tente outra vez;

– Pratique;

– Tente de novo;

– E por último, tenta quantas vezes forem necessárias para que você aprenda. Só não desista!

Eu não desisti e hoje estou aqui para contar a minha história!


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